Um maestro para a Liberdade

05/11/2016

Em algum lugar da São Roque do passado, mocinhas casadoiras certamente suspiraram por ele, atrás de seus lencinhos de festa... A vida de professor foi permeada pela arte, sem deixar de lado a militância por causas humanitárias.                                                                                                      Por Sílvia Mello

No editor de imagens deste mundo virtual da segunda década do terceiro milênio, tento corrigir as falhas da fotografia com data do tempo em que ainda se escrevia "photographia".

Na imagem capturada do retrato que por longos anos permaneceu emoldurado na parede da sede da Banda Liberdade, as marcas de xilófagos, os tão populares cupins, vão desaparecendo do terno alinhado, gravata com detalhes em relevo, camisa de gola alta, como era moda entre os jovens da época.

Epaminondas de Oliveira, retratado pela camera de Eugênio Verzini foi imortalizado por seu talento musical e a vitória da Corporação Musical Liberdade no Concurso de Bandas Civis do interior, no Jardim da Luz, em São Paulo, em 5 de Setembro de 1909, sob sua batuta.

No belo rosto do jovem maestro, os olhos parecem querer dizer mais de sua história do que a fina caligrafia em bico de pena, num bilhete de agradecimento, escrito muitos anos depois, em resposta à homenagem da Banda pela passagem de seu aniversário.

Como mostra a etiqueta enfeitada com flores de fino papel, ao lado da fotografia em formato oval, tão distante das nossas imagens digitais, em algum lugar da São Roque do passado, mocinhas casadoiras certamente suspiraram por ele, atrás de seus lencinhos de festa:

             "Em Homenagem à Premiada

                 C. M. Liberdade

              As Senhorinhas Sãoroquenses."

       Detalhe ampliado no retrato de Epaminondas de Oliveira, maestro da Banda Liberdade (foto)

Epaminondas de Oliveira, professor e intelectual do início do século 20, em São Roque, destacou-se não somente por seu talento de regente, registrado no Jornal O Sãoroquense de 12 de Setembro de 1909:

             "...nosso Minonda - jovem preparadíssimo, enérgico e tenaz, na regência dada à instrumentação das peças musicais..."

Como músico, dedicava-se também à composição para teatro, num diálogo entre as artes. Em parceria com Paulino de Campos, autor da letra, musicou a opereta em dois atos, O Príncipe Marinho, apresentada pela primeira vez em 12 de julho de 1913, no Pavilhão Popular, lotado, o que mostrava a expectativa da sociedade são-roquense pela estréia de uma peça de autoria de artistas da cidade. Epaminondas de Oliveira era também o "Diretor da Orquestra", no espetáculo que tinha Julio Salvetti como "Diretor de Cena" e cenografia de Augusto Montaventi. Depois da estréia, foi apresentado em Sorocaba com igual sucesso.

As partituras da opereta O Príncipe Marinho integram o acervo da Corporação Musical Liberdade, nessa época presidida por Epaminondas. À frente da Banda, além de regente, elaborava minuciosos relatórios de prestação de contas, grafados em folhas de papel almaço.

Mas não somente a arte, a Cultura, a música e a Educação faziam parte da vida do maestro. A política também era uma área em que atuava apaixonadamente, escrevendo críticas sobre acontecimentos internacionais no jornal O Sãoroquense.

Texto: Sílvia Mello

Imagens: 1. Epaminondas de Oliveira, maestro da CML, foto: Eugênio Verzini, acervo da CML; 2. Detalhe do passepartout na fotografia anterior, foto: Sílvia Mello.

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