Sons, cores, sabores... A Banda no imaginário da cidade

09/11/2016

Quem nunca parou um momento para ver a banda passar? Quem não a reconhece pela enormidade de uma tuba, pelo retumbar de um instrumento de percussão, pelo som dos sopros que invade o peito e toca coração?                     Por Sílvia Mello

Caras são as lembranças de quem já ouviu o som das bandas de retreta, caminhando pelas ruas. Saudosas crianças serão sempre aquelas que cresceram ouvindo uma banda tocar. Raras são as pessoas que se esquecerão das melodias espalhadas no ar, das notas musicais transformadas em alegria.

O despontar da tuba anuncia a banda lá de longe, ao virar a esquina, os sons dos sopros antecipando a presença. Caixas e bumbos retumbam. De repente, a melodia se evapora efervescente para que outros sons brinquem na rua.

Sabor de Festa

Depois da banda passar, resta o gosto de festa. Gosto de pipoca, sabor de pastel, aroma de doce, cheiro rojão. Em São Roque, por todo o século 20 foi possível desfrutar do som das bandas nas praças, nas alvoradas, nas festas, nas procissões e há quem se lembre das bandas nos coretos.

A Banda Liberdade se tornou inesquecível não apenas por seus sons que encantavam o ar. Mas por suas cores, inspiradas no céu azul, refletido no uniforme dos músicos. Por seu símbolo, emprestado da própria musica. Pequenos detalhes, grandes recordações.

No quepe, a lira dourada que ornamenta a cabeça dos músicos é farol que conduz a banda em marcha.

Um botão em forma de flor arremata o cordão que dá imponência aos passos, ainda que os instrumentos pesem.

Como não prestar atenção a cada pormenor do que foi a banda, cada objeto que conferiu à Liberdade personalidade, tornando-a imortal aos olhos de quem a conheceu??

Detalhes, cores, sons, aromas, imagens marcam a presença da Banda Liberdade no imaginário da cidade. O sentimento de pertencer é inevitável quando se ouvem as melodias tocadas por seus músicos; elas sempre serão as "músicas da banda", gravadas de forma especial na memória.

Esse sentimento comum a todos os que tiveram seu particular encontro com uma banda e, em especial, com a Liberdade, nos levam a refletir sobre sua continuidade e sobre o significado de cada objeto, cada documento, cada partitura que compõe hoje o acervo do Centro de Memória da Banda Liberdade. O que fazer para preservar esse legado deixado por todos os amantes da música que, por gerações, nos presentearam com a banda em festa?

Muitos de nós se dividem entre o pensamento de preservar essa memória e a vontade de ver novamente a banda nas ruas, despertada de seu aparente sono por uma jovem geração de músicos que nos faça vibrar ao som de seus instrumentos outra vez.


Texto: Sílvia Mello

Imagens: 1. Banda Liberdade, s/data, domínio público; 2. Uniforme da Banda Liberdade, foto: Sílvia Mello (2016), acervor CML; 3. Miniatura de lira usada no uniforme da CML, foto: Sílvia Mello (2016), acervo CML; 4. Botões usados no uniforme da Banda Liberdade, foto: Sílvia Mello (2016), acervo CML

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